Como é a perseguição aos cristãos em Mianmar?
O nacionalismo religioso é forte em Mianmar e impulsiona grande parte da perseguição aos cristãos. Há uma ênfase crescente no budismo, com exclusão de todas as outras religiões.
Os convertidos à fé cristã muitas vezes enfrentam perseguição da família e comunidade por abandonar ou “trair” o sistema de crença em que cresceram. Comunidades que pretendem permanecer apenas budistas tornam a vida das famílias cristãs impossível por não permitirem que usem recursos da comunidade, como água.
Igrejas bem estabelecidas foram atacadas e, em alguns casos, monges budistas invadiram complexos de igrejas e construíram santuários budistas em seu interior. Grupos de igrejas não tradicionais também experimentam oposição, especialmente aqueles localizados em áreas rurais e/ou que são conhecidos por atividades evangelísticas. O governo tenta agir contra os monges budistas extremistas, mas envia sinais confusos, pois ficou claro que os monges extremistas contam com o apoio do exército.
Mianmar é o cenário da guerra civil mais longa do mundo, que começou em 1948. Embora muita atenção da mídia tenha sido dada à situação dos muçulmanos rohingya, a guerra em curso contra grupos insurgentes – que afeta, entre outros, os estados de Kachin, Karen e Shan (todos os quais têm uma forte minoria cristã) – passou despercebida. O estado de Chin, predominantemente cristão, também foi afetado pelos combates. Os cristãos são vulneráveis à perseguição por grupos insurgentes e pelo exército, e mais de 100 mil cristãos no Norte vivem em campos de deslocados internos, onde são privados de acesso a alimento e cuidados de saúde.
A pandemia da COVID-19 trouxe desafios adicionais, uma vez que muitos cristãos são deliberadamente negligenciados na distribuição de ajuda governamental.
“Os feiticeiros da aldeia viriam para destruir, para matar nossa missão e ministério e aqueles que vivem aqui. Mas eles estão realmente com medo do ministério que desenvolvemos porque estamos trazendo o evangelho.”
Pastor Moses, cristão perseguido em Mianmar
- Dados de Mianmar
- Tipo de Perseguição: Nacionalismo religioso, paranoia ditatorial, corrupção e crime organizado
- Capital: Nay Pyi Taw
- Região: Leste e Sudeste Asiático
- Líder: Win Myint
- Governo: República parlamentarista
- Religião: Budismo, cristianismo, islamismo, animismo e hinduísmo
- Idioma: Birmanês e dialetos
POPULAÇÃO54,8 MILHÕES
POPULAÇÃO CRISTÃ4,3 MILHÕES
O que mudou este ano?
Mianmar subiu uma posição na Lista Mundial da Perseguição 2021 em relação a 2020, refletindo a severa perseguição em curso que muitos cristãos enfrentam. Os cristãos ex-budistas continuam encontrando uma tremenda hostilidade da família e da comunidade local, enquanto os cristãos históricos continuam presos nas lutas que assolam os estados de Kachin, Shan e Karen, todos com uma população cristã significativa, bem como o estado predominantemente cristão de Chin.
Quem persegue os cristãos em Mianmar?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos em Mianmar são: nacionalismo religioso, paranoia ditatorial, corrupção e crime organizado.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos em Mianmar são: líderes religiosos não cristãos, oficiais do governo, grupos religiosos violentos, líderes de grupos étnicos, parentes, cidadãos e quadrilhas, partidos políticos, redes criminosas e grupos paramilitares.
Quem é mais vulnerável à perseguição em Mianmar?
Os cristãos no estado de Kachin, no Norte do país, estão especialmente expostos à perseguição. Devido aos combates em curso, mais de 100 mil pessoas – a maioria cristã – estão vivendo em campos de deslocados, a maior parte delas há anos, e o acesso humanitário a elas está bloqueado. Os combates também continuam no estado vizinho de Shan, que tem uma grande minoria cristã, especialmente no Norte. O estado de Chin, que é predominantemente cristão, também foi local de muitos conflitos.
Como as mulheres são perseguidas em Mianmar?
Existe uma lei em Mianmar chamada Lei Especial de Casamento para Mulheres Budistas. Ela foi introduzida em 2015 e estipula que um marido não budista deve respeitar a prática do budismo da esposa. No entanto, essa proteção não se aplica aos cristãos, reforçando o sentimento entre os cristãos de que são vistos como cidadãos de segunda classe em Mianmar. Consequentemente, mulheres cristãs casadas com homens não cristãos são pressionadas a seguir a religião do marido. Isso impede o crescimento da igreja.
Além disso, essa lei – voltada principalmente para a minoria muçulmana – também implica que as mulheres que se convertem ao cristianismo ainda são consideradas budistas e tratadas como tal. Mesmo em casamentos de religião mista, em que a mãe é cristã e o pai budista, o pai costuma fazer com que a filha se case com um budista, e nem a mãe nem a filha têm poder para impedir isso.
As mulheres convertidas mais jovens são vulneráveis à prisão domiciliar, restringindo o acesso à comunidade e tornando impossível a comunhão com outros cristãos. A deserdação às vezes é usada para aplicar pressão adicional sobre as mulheres para que retornem ao budismo.
As mulheres, especialmente as pertencentes a minorias étnicas ou religiosas, estão à mercê de militares, vulneráveis a abuso sexual e agressões físicas. Relatórios não confirmados indicam que os militares são encorajados a se casar com mulheres cristãs e convertê-las ao budismo, incentivados pela promessa de dinheiro ou promoção. Muitas mulheres se sentem resignadas a esse destino e veem esses casamentos como uma forma de escapar da extrema pobreza e da insegurança.
Também há relatos que sugerem que mulheres cristãs no estado de Kachin estão sendo traficadas para a China para se tornarem “noivas”, onde são abusadas sexualmente com o objetivo de engravidarem. “Cerca de 130 mil kachin, mais de 90% dos quais são cristãos, foram deslocados dentro de seu estado” na segunda metade de 2018, de acordo com o Wall Street Journal em dezembro de 2018. Os cristãos da etnia kachin foram expostos a atrocidades por muitos anos – eles são até mesmo alvo dentro dos campos de deslocados internos, onde o exército inflige mais atos de tortura.
Como os homens são perseguidos em Mianmar?
Os homens em Mianmar são os principais provedores do lar. Se eles perderem o emprego ou forem forçados a deixar a aldeia por causa da fé em Jesus, o impacto financeiro em uma família inteira pode ser paralisante. Essa é a dura realidade para muitos convertidos no país.
Os homens cristãos podem enfrentar intensa perseguição no exército, forçando muitos deles a abandonar a fé. O exército é conhecido por impor trabalho forçado aos cristãos, para impedi-los de comparecer aos cultos de domingo e ter acesso à comunhão cristã. Homens são alvos de recrutamento para milícias; aqueles que se recusam enfrentam espancamentos e ameaças.
Alguns cristãos do sexo masculino pagam o preço mais alto por seguir Jesus. Embora as estatísticas sejam evasivas, cristãos foram sequestrados e mortos, supostamente pelo Exército Arakan.
Um meio eficaz de impedir que o cristianismo atravesse gerações são as escolas Na Ta La. Essas escolas têm como objetivo converter crianças cristãs, criando-as para se tornarem monges budistas. Ao entrar na escola, a cabeça dos meninos é raspada, eles recebem roupas de monges e circulam pela comunidade local mendigando por comida.
As autoridades também visam e pressionam os pastores. Isso é feito com a intenção de fechar uma igreja ou intimidar a congregação mais ampla. Como as famílias sem marido ou pai, as igrejas sem os líderes se sentem desamparadas e vulneráveis.
Pedidos de oração de Mianmar
- Ore por aqueles que deixaram o budismo para seguir Jesus, para que Deus os fortaleça, encoraje e proteja.
- Peça que todos os cristãos em Mianmar recebam e desfrutem de comunhão frutífera com outros cristãos.
- Clame para que o Senhor intervenha e traga uma solução pacífica para a guerra civil em curso.
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