Ela foi ao Brasil pela primeira vez em 1998 para trabalhar com crianças de rua, mesmo sem saber falar português. “Eu sabia que estaria servindo a Deus em algum lugar do mundo, mas não sabia onde ou por quê”, disse ao site Christian Today.
Certo dia, em 1994, Cally estava lendo o artigo de uma revista sobre a situação das crianças de rua em São Paulo e ficou tocada por esta realidade. “Em São Paulo, as chuvas torrenciais no verão enchem os esgotos e os túneis, e às vezes as crianças se afogam à noite. Li isso e chorei muito”, lembra.
“Eu senti de uma maneira muito forte que isso não deveria estar acontecendo e Deus tocou claramente meu coração. Naquele momento, eu realmente senti que Deus estava me chamando”, ela conta.
“Foi uma loucura porque eu não sabia nada sobre o Brasil, não sabia falar português e estava totalmente envolvida com a minha igreja local, mas eu sabia que tinha que ir, então pedi a Deus um sinal muito claro”, continua Cally. “Eu não queria ir por uma resposta emocional, eu precisava que Deus me mostrasse que Ele realmente queria que eu viesse para o Brasil”.
Certo dia, Cally estava caminhando numa rua, orando por uma direção de Deus, e entrou em uma loja. Quando saiu do estabelecimento, viu do outro lado da rua uma caçamba amarela com a inscrição “Brasil” em letras maiúsculas. Este era o sinal que ela precisava.Cally se mudou para uma favela em São Paulo, onde nove pessoas foram assassinadas na semana em que chegou. “Mas não senti medo. Senti uma paz total por estar no lugar certo”, diz ela.
Evangelho nas prisões
Mais de 20 anos depois, Cally ainda está em São Paulo trabalhando com pessoas necessitadas. Hoje ela não atua mais diretamente nas favelas, mas dirige um ministério de teatro nas prisões do Brasil, a fim de evangelizar os detentos.
A Associação Águia trabalha principalmente com jovens infratores e seu objetivo é levá-los a entender que, com as escolhas certas, podem ter um futuro diferente. A estratégia usada por Cally é colocar os presos para encenar seus próprios crimes, mas desta vez os colocando em papéis diferentes, como de vítima, seus pais ou um policial.
“É quase como religar seus cérebros”, explica Cally. “Quando eles atuam nessas cenas como sua mãe, ou a vítima, ou o policial, a ficha cai de uma forma que não cairia se eles estivessem sentados conversando com um psicólogo; isso não afeta eles”.
“Com o psicodrama, eles saem dizendo ‘ai meu Deus, nunca pensei na minha vítima e agora não consigo parar de pensar na minha vítima’. É como se pela primeira vez eles percebessem as consequências do que estão fazendo”, ela acrescenta. “Se colocar no lugar de outra pessoa e inverter os papéis é muito poderoso”.
Para Cally e sua equipe, é importante que os jovens entendam que “seu passado está no passado” e que é preciso seguir em frente, “caminhando para o futuro que Deus preparou para eles”.
“Essa é uma das coisas mais poderosas sobre o projeto”, diz ela. “Há pessoas que querem amá-los e acompanhá-los, e eles não serão julgados por seu passado. É uma experiência muito poderosa quando você está na prisão”.
Mesmo que Cally conviva com pessoas perigosas para a sociedade, o medo não é algo que a domina quando vai para as prisões. Isso se deve a uma convicção de que ela está “no centro da vontade de Deus” e que este é “o lugar mais seguro para se estar”.
“A última pessoa com quem Jesus falou foi um criminoso na cruz. Então, ao fazer o trabalho que faço, realmente não sinto que seja eu, a Cally. É Jesus dentro de mim que me dá Seus olhos e Seu coração por essas pessoas”, disse ela.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN TODAY
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