ALERGIAS
As alergias aos alimentos são classificadas de acordo com o
momento de sua manifestação. Elas podem ser classificadas como "alergia
alimentar imediata" ou "alergia alimentar tardia". Esta
última também é conhecida como alergia escondida, hiperssensibilidade ou
intolerância.
Segundo a médica Márcia Carvalho
Mallozi, coordenadora do ambulatório de alergia da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), a alergia imediata é uma reação grave e rápida a determinado
alimento, que independe da quantidade ingerida e pode levar à anafilaxia. “É o caso daquelas pessoas que têm
alergia a camarão, por exemplo, e nem podem comer um bolinho frito em óleo
usado antes para fritar esse crustáceo. Trata-se de uma resposta imunológica,
que é mediada pela imunoglobulina
E (IgE), com reação imediata, e se manifesta sempre contra uma
proteína ou uma molécula ligada a ela”.
INTOLERÂNCIA
Já
a intolerância tem reação lenta, é química e determinada por células ou
anticorpos diversos da IgE, embora ela também possa estar presente. Em geral é
mediada pela Imunoglobulina G (IgG). Os efeitos aparecem após horas ou dias de
ingestão repetida de determinado alimento, e podem envolver outras substâncias.
De acordo com o médico alergista
e imunologista Attilio Speciani, diretor científico do Servizi
Medici Associati(SMA), na Itália, embora esses fenômenos sejam
distintos, suas respostas orgânicas interagem intensamente, contribuindo
para aumentar os níveis de inflamação no organismo e, portanto, estimulam
manifestações alérgicas que podem levar a alguma dificuldade diagnóstica.
“A intolerância é uma espécie de fenômeno de acúmulo, como se fosse um
envenenamento progressivo, diferente das típicas alergias alimentares”,
completa o especialista.
TESTES DISPONÍVEIS
No
caso da alergia imediata, além do exame clínico que investigará a presença de
sintomas comuns à patologia (pele vermelha, urticária, inchaço do rosto etc),
testes de IgE e IgG são feitos para o alimento que se suspeita seja a causa da
reação. “Pode ser até que o paciente tenha alergia ao trigo. E então
solicitamos um exame para esse agente”, fala Mallozi. E o médico treinado para
avaliar o quadro é um alergista ou um gastroenterologista.
E para as intolerâncias? Speciani
esclarece que na Itália existem vários testes, mas eles são considerados
anticonvencionais. Ele destaca o Recaller Program, exame
que integra o IgG e o Syncro Test, capaz de
analisar valores elevados de IgG para alguns alimentos específicos. Combinados,
eles permitiriam uma interpretação que considera os grandes grupos alimentares,
bem como cada substância isolada. “O resultado indica para o médico a dieta que
melhor atenda às necessidades do paciente”, relata Speciani.
O nutricionista clínico Thomas
O'Brian, da Instituion for Functional Medicine (EUA), conta que em seu país
também existem vários testes, e eles são capazes de identificar a intolerância
ao glúten precocemente e com uma precisão de 90%. “Em breve eles estarão no
Brasil”, anuncia.
Indagado
sobre a relevância do teste genético, O'Brian afirma que o papel da genética na
doença celíaca é claro: “Existem dois genes principais envolvidos: o HLA-DQ2 e
o HLA-DQ8. Quanto à intolerância, apenas, existem outros dois novos genes
têm sido identificados com regularidade, e parecem estar associados a muitas
manifestações”.
ABSTINÊNCIA
Diante
da limitação dos testes no Brasil, Mallozi diz que, na prática, o que se faz é
o teste do desencadeamento, isto é, a retirada do alimento suspeito da dieta;
depois ele é reintroduzido para ver se há alguma reação.
Na
opinião da nutricionista clínica funcional Denise Madi Carreiro, exames são
importantes, mas o que funciona é a clínica. "O especialista deve cruzar
sintomas com alimentação, e não só o processo reativo aos alimentos”, observa.
Encontrado
o problema, a base do tratamento da intolerância é o restabelecimento do
equilíbrio da alimentação para melhorar a resposta orgânica. “A abstinência de
determinados alimentos pode ser temporária. O que se busca é o estímulo da
resposta orgânica por meio do processo nutricional adequado”, explica. “Para
muitos médicos, é difícil entender esse caminho, pois eles partem de uma doença
que terá uma droga correspondente, no caso, um anti-histamínico”, conclui a
nutricionista.
VEJA UM EXEMPLO DE INTOLERÂNCIA E ALERGIA AO LEITE
Algumas
pessoas têm alergia ao leite de vaca e seus derivados. Se é uma alergia, isso
significa que se trata de uma reação à proteína do leite: a lactose. Isso
acontece porque determinadas pessoas não produzem uma enzima denominada
lactase, responsável pela absorção dessa proteína. Curiosamente, isso é mais
comum entre os adultos do que entre as crianças.
Os
sintomas mais comuns da intolerância são sensação de empachamento e diarreia.
Já nos casos de alergia imediata, ao entrar em contato com o leite, as
consequências possíveis seriam a anafilaxia ou um sangramento intestinal, por
exemplo.
O
diagnóstico é feito por meio testes de tolerância à lactose, além da medicação
de glicemia em jejum e até biopsia intestinal. O tratamento é uma dieta sem
lactose (já existem leites com 90% sem lactose). No caso de alergia imediata, o
tratamento e prevenção são os mesmos: não ingerir leite nem outro alimento com
traços dessa bebida.
Fonte...
Fonte...
0 comentários:
Postar um comentário