Uma condição considerada autoimune, a
doença celíaca – herdada geneticamente – pode causar diarreias e perda de peso
em crianças, além de anemias e diversas alterações no organismo. Por isso é
importante o diagnóstico correto o mais cedo possível. Abaixo, Katia Cristina
Andrade, pesquisadora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS),
responde algumas dúvidas sobre a condição.
• O que é doença celíaca?
A doença celíaca é uma enteropatia (doença intestinal) causada pela ingestão do glúten, que é uma proteína encontrada em trigo, aveia, cevada, centeio e seus derivados – como massas, pizzas, bolos, pães, biscoitos e alguns doces – provocando dificuldade do organismo de absorver os nutrientes dos alimentos, vitaminas, sais minerais e água.
Atualmente é considerada uma patologia autoimune que afeta o intestino delgado de adultos e crianças geneticamente predispostos, precipitada pela ingestão de alimentos que contêm glúten.
• Como ela se manifesta?
A manifestação pode ocorrer de diversas formas e em todos os estágios da vida.
A forma clássica, ou seja, a mais comum, ocorre entre 6 e 24 meses com os seguintes sintomas: diarreia, distensão abdominal, fraqueza e baixo ganho de peso, levando à desnutrição. Geralmente esses sintomas iniciam com a introdução de novos alimentos na dieta dos bebês que até então não haviam experimentado alimentos com glúten.
Outra forma de manifestação, e menos frequente, é quando crianças entre 5 e 7 anos começam a apresentar sintomas de dor abdominal, distensão, constipação, náuseas e vômitos que geralmente comprometem o crescimento e o desenvolvimento.
Além disso, em adultos o principal sinal é a anemia sem causa aparente e que resiste à suplementação.
• Quais os sintomas mais frequentes?
Os sintomas e sinais mais frequentes são:
• Diarreia com perda de gordura;
• Vômito;
• Perda de peso;
• Inchaço nas pernas;
• Anemias;
• Alterações na pele.
Além disso, é possível observar também fraqueza das unhas, queda de pelos e cabelo. Nas mulheres podem ocorrer alterações do ciclo menstrual.
• Se o diagnóstico for tardio, quais os riscos envolvidos?
A demora no diagnóstico leva a deficiências no desenvolvimento da criança.
Muitas vezes a doença não é diagnosticada, uma vez que muitos portadores têm sintomas mínimos ou ausentes. Ocorre mais comumente em mulheres, na proporção de 2:1, e é mais comum em parentes de primeiro grau de portadores.
• Qual o tratamento para a doença celíaca?
A terapia nutricional é fundamental no tratamento da doença celíaca e a exclusão do glúten é apenas o início do tratamento dietoterápico. Todos os pacientes devem ter uma orientação individualizada e com isso a prescrição de uma dieta adequada.
Toda prescrição nutricional deve considerar estágio de vida, fase de crescimento, estado nutricional e hábitos culturais. Essa conduta visa a garantir que os indivíduos portadores consigam seguir o plano proposto e, especialmente nas crianças, proporcionem crescimento e desenvolvimento normais.
Cabe destacar a importância da leitura dos rótulos, uma vez que a declaração da presença de glúten em alimentos é obrigatória desde fevereiro de 2002 pela norma intitulada RDC 40.
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