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População brasileira cresce 21 milhões em uma década com menor ritmo da história


Após o fim dos anos 1950, período no qual o crescimento demográfico foi o mais intenso – com taxa anual de 2,99% – da série histórica iniciada em 1872, o Brasil passou a crescer a ritmos cada vez menores. Se com média anual de 2,99% a população nacional levaria 24 anos para duplicar, no ritmo da última década o processo tomaria 60 anos.

Na primeira década do século 21, a população brasileira cresceu ao menor ritmo já registrado. De acordo com dados do Censo 2010, divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2000 e 2010 a média anual de crescimento demográfico foi de 1,17%, menor que os 1,64% da década anterior (1991-2000). Desde o Censo 2000, a população cresceu 12,3%, isto é, 21 milhões a mais de brasileiros - o equivalente ao dobro da população de Portugal. Hoje, a população brasileira é de 190,7 milhões.

Fernando Albuquerque, Gerente de Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, destaca o declínio da fecundidade como responsável pela desaceleração do crescimento. Ele lembra que em muitos Estados do Brasil, a fecundidade já está abaixo do nível de reposição, que é de 2,1 filhos para cada mulher. Ainda assim, a população brasileira ainda está longe de ter crescimento negativo.

“Não é porque o Brasil está com uma taxa abaixo do nível de reposição que daqui a cinco anos a população vai começar a diminuir. Ainda vai percorrer um certo tempo crescendo, até começar a diminuir em valores absolutos”, explica o pesquisador.

Norte é região que mais cresce

Apesar da menor média de crescimento populacional já registrada, o índice difere de acordo com cada região do País. Enquanto no Sul a população aumentou 0,87% nos últimos dez anos, no Norte o índice atingiu 2,09%. Entre as seis Unidades da Federação com maior crescimento populacional na última década, cinco delas (Amapá, Roraima, Acre, Amazonas e Pará) pertencem à região.

“A região Norte sofreu certo processo de estagnação em décadas passadas, mas agora a indústria madeireira, a mineração e atividades extrativas ainda atraem a população de migrantes”, avalia Albuquerque, frisando que Norte e Centro-Oeste foram as duas únicas regiões onde as populações rurais aumentaram em 313 mil e 31 mil, respectivamente. Enquanto isso, em âmbito nacional, 2 milhões de pessoas deixaram o campo entre 2000 e 2010.  
Em ritmo um pouco mais lento, mas ainda assim superior à média nacional, a região Centro-Oeste é a segunda que cresce mais rápido, com média anual de 1,91%, alavancada pelo agronegócio e pelo inchaço de Brasília (cuja população se expandiu 2,28% ao ano na última década).

Palmas-TO foi a capital que mais cresceu no Brasil, a uma taxa anual de 5,21%, seguida de Boa Vista-RR (3,55%), Macapá-AP (3,46%), Rio Branco-AC (2,82%), Manaus-AM (2,51%) e Porto Velho-RO (2,5%). Porto Alegre-RS foi a capital que menos cresceu (0,35%). O aumento demográfico em São Paulo-SP e no Rio de Janeiro-RJ se deu na mesma proporção (0,76%).

População envelhecida

As populações das regiões Sudeste e Nordeste cresceram a um ritmo anual abaixo da média nacional: 1,05% e 1,07%, respectivamente. Fernando Albuquerque diz que, não fosse a ainda relevante migração de nordestinos, o crescimento da região estaria mais distante daquele visto no Sudeste. Em termos absolutos, essas duas regiões são as que têm o maior peso no incremento populacional: 13,3 milhões de novos habitantes na última década, isto é, 63,4% do total do aumento da população nacional no período. 
   
O Censo 2010 aponta ainda que o ritmo do incremento populacional na última década dependeu do crescimento da população adulta, dadas as taxas de fecundidade decrescentes. De acordo com os pesquisadores do IBGE, se confirmadas as tendências de queda nas taxas de mortalidade e fecundidade, o processo de envelhecimento irá avançar no país.

A Região Norte é a mais jovem do país, pois em 1980 o nível de fecundidade ainda era elevado – a média estava acima dos seis filhos por cada mulher. O Nordeste vive processo semelhante, embora sua estrutura etária seja um pouco mais envelhecida. Em contrapartida, as regiões Sul e Sudeste, onde as taxas de fecundidade começaram a cair a partir da década de 1960, são as que possuem a maior proporção de idosos. Entre 1991 e 2010, a participação relativa da população com idade igual ou superior aos 65 anos aumentou mais de 54%, subindo de 4,8% para 7,4%. 

No extremo oposto da pirâmide etária, a proporção dos mais jovens diminuiu. Em 1991, as pessoas com até 14 anos de idade representavam 34,7% da população nacional, ao passo que em 2010 o índice foi de 24,1%.

“A cada Censo a expectativa de vida vem aumentando. É um processo que não tem retrocesso, porque a tendência é que a mortalidade decline cada vez mais”, afirma Albuquerque.



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