Para Kátia D'Ávilla Rodrigues, 48 anos e aproximadamente 2,40 metros de altura, é difícil fazer as atividades mais simples do dia. É em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, que vive a mulher que pode ser a mais alta do mundo – segundo o livro de recordes do Guinness, o título hoje pertence à chinesa Yao Defen, que tem 2,34 metros.
Kátia tem uma doença rara que aumenta o funcionamento das células do crescimento, fazendo com que ela tenha dimensões muito maiores do que as comuns. Sua mãe descobriu a disfunção ao levá-la, antes dos 3 anos de idade, a um especialista. Nessa idade, a menina já tinha o dobro do tamanho de sua irmã de 5 anos.
“Tenho 50 anos de profissão e vi, em toda minha vida, uns quatro casos desses”, explica o médico de Kátia, o endocrinologista Giuseppe Repetto. Ela é a única na família a ter a doença.
O que chama a atenção no caso, entretanto, é a idade de Kátia. Na literatura médica, segundo Repetto, que também é o chefe do serviço de endocrinologia do Hospital São Lucas da PUC-RS, não há notícias de uma vítima de gigantismo que tenha ultrapassado os 30 anos. Isso porque os pacientes morrem devido, principalmente, a doenças cardíacas. O coração e as válvulas não dão conta de bombear sangue a todo o corpo.
Há quatro anos, as pernas de Kátia começaram a atrofiar, o que dificulta sua locomoção. Mas nesta sexta-feira (29), ela recebeu uma doação: ganhou um andador de titânio, adaptado à sua altura.
“Se Deus quiser vou conseguir caminhar. Quando eu voltar a andar ficarei realizada”, afirmou Kátia. Até então, ela se locomovia pela casa com o auxílio de uma cadeira com rodas –e não saia para a rua.
Em casa, ela desenvolveu o gosto pela leitura, pelas palavras cruzadas e pelos filmes –especialmente as comédias. “Quero, agora, uma cadeira motorizada para poder andar na rua, ver meus amigos”, disse.
Kátia parou de crescer pouco antes de entrar na idade adulta. Porém, desenvolveu a acromegalia –doença crônica que faz crescer desordenadamente as extremidades do corpo. Apesar de estacionar em altura, suas mãos, joelhos e mandíbula continuaram se desenvolvendo.
Tratamento
O tratamento para o gigantismo, quando descoberto precocemente, é a operação na glândula hipófise, localizada na base do cérebro. A doença está ligada a um tumor que se forma na região e que deve ser extirpado quando o paciente anda é criança. Se isso não for possível, como foi o caso de Kátia, a pessoa sobrevive com medicamentos inibidores das células de crescimento.
“O casa do Kátia consegue ser ainda mais raro, porque ela começou com a doença antes dos três anos, quando o usual é a criança apresentar os sintomas apenas aos 8, 9 ou 10 anos de idade”, explica Repetto.
O médico lembra que a última medição da altura de Kátia aconteceu há 20 anos, quando ela já estava com 2,37 metros. Estipular sua altura depois disso tornou-se difícil, devido ao atrofiamento de suas pernas. Sobre o interesse em tornar Kátia famosa pelo Guinness, a família afirma que não tem planos de inscrevê-la para conseguir o título de mulher mais alta do mundo.
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