DE SÃO PAULO
Dilma Rousseff (PT) é a primeira mulher
presidente do Brasil.
A nova presidente ultrapassou o
candidato tucano José Serra pela primeira vez em 14 de agosto, quando alcançou
41% das intenções de voto e abriu vantagem de oito pontos sobre José Serra
(PSDB), em pesquisa Datafolha.
A petista se destacou no governo Lula como
ministra da Casa Civil, com os programas Minha Casa, Minha Vida, Pré-Sal e
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Antes, no Ministério de Minas e
Energia, lançou o programa Luz para Todos, uma das bandeiras de sua candidatura
--conheça abaixo sua trajetória.
CANDIDATURA
Ex-ministra de Minas e Energia e da
Casa Civil, Dilma foi alçada já em 2008 à condição de candidata pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que começou então a dar as primeiras indicações de
que gostaria de ver uma mulher ocupando o posto mais importante da República.
Em 31 de março deste ano, Dilma deixou a Casa Civil para entrar na
pré-campanha.
Cresceu nas pesquisas e chegou a ter
mais de 50% dos votos válidos em todas elas, mas começou a oscilar
negativamente dias antes do primeiro turno, após a revelação dos escândalos de
corrupção na Casa Civil e da entrada do tema do aborto na campanha.
Logo no primeiro debate do segundo
turno, reagiu aos ataques que vinha sofrendo e contra-atacou Serra. A partir
daquele momento, a diferença entre os dois candidatos nas pesquisas parou de
cair.
Dilma se torna neste domingo o 40º
presidente da República brasileira.
NOME FORTE
Dilma tornou-se um nome forte para
disputar o cargo ao assumir o posto de ministra-chefe da Casa
Civil, em junho de 2005, após a queda de José Dirceu no escândalo do mensalão.
No comando da Casa Civil, Dilma travou
uma intensa disputa com o então ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, por causa da política econômica do governo. Enquanto
ele defendia aperto fiscal, ela pregava aceleração nos gastos e queda nos juros.
Dilma acabou assistindo à queda de Palocci, em março de 2006, devido à
quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
Com a reeleição de Lula e sem grandes
rivais à altura no PT, Dilma tornou-se, depois do presidente, o grande nome do
governo.
Apesar do poder acumulado e do
protagonismo que passou a exercer ao lado de Lula, até outubro de 2007 Dilma negava que seria candidata.
MINAS E ENERGIA
Sua atuação à frente do Ministério de
Minas e Energia rendera-lhe a simpatia do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que enxergou na subordinada, de perfil discreto e trabalhador, a
substituta ideal para o posto de Dirceu.
Ela foi indicada para o ministério logo após Lula
se tornar presidente, em 2002. No comando da pasta, anunciou novas regras para
o setor elétrico além de lançar o programa Luz para Todos --uma das bandeiras
de sua candidatura.
O novo marco regulatório para o setor elétrico
--lançado em 2004-- foi considerado a primeira iniciativa do governo Lula, na
área de infra-estrutura, de romper com os padrões do governo FHC, marcado pelo
"apagão" de 2001.
A principal característica do novo
marco foi o aumento do poder do Estado em detrimento da Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica).
ORIGEM
O pai de Dilma, Pedro Rousseff, veio
para a América Latina na década de 30 do século passado. Viúvo, deixara um filho,
Luben, na Bulgária. Passou por Salvador, Buenos Aires e acabou se instalando em
São Paulo. Fez negócios na construção civil e com empreitadas para grandes
empresas, como a Mannesmann.
Já estava havia cerca de dez anos no
Brasil quando, numa viagem a Uberaba, conheceu a professora primária Dilma Jane
Silva, nascida em Friburgo (RJ), mas radicada em solo mineiro. Casaram-se e
tiveram três filhos. Igor nasceu em janeiro de 1947, Dilma, em dezembro do
mesmo ano, e Zana, em 1951. A família escolheu Belo Horizonte para morar.
Levavam uma vida confortável. Passavam
férias no Espírito Santo ou no Rio. Às vezes, viajavam de avião. Não era uma
clássica família tradicional mineira. Os filhos não precisavam ter uma
religião. Escolhiam uma fé se assim desejassem. O pai frequentava cassinos,
gostava de fumar e beber socialmente.
Quando morreu, em 1962, Pedro deixou a
família numa situação tranquila. Cerca de 15 bons imóveis garantem renda para a
viúva Dilma Jane até hoje. Um dos apartamentos fica no centro de Belo Horizonte.
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