Uma instalação conhecida entre judeus como “banho ritual” foi descoberta no Getsêmani, o jardim onde Jesus orou antes de ser traído por Judas e preso. Essa descoberta é a primeira que conecta aquela área de Jerusalém com os relatos do Novo Testamento.
O “banho ritual” – espécie de tanque usado, por exemplo, para purificação dos judeus antes de celebrações religiosas – foi descoberto pelos arqueólogos que trabalham junto com a Autoridade de Antiguidades de Israel e tem idade estimada em dois mil anos.
Em hebraico, a palavra “Getsêmani” significa “prensa de azeite”, e para o chefe do distrito de Jerusalém da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), Amit Re’em, a descoberta traz novas evidências da atividade religiosa há dois mil anos.
“Não é com mikveh [“banho ritual” em hebraico] que ficamos tão entusiasmados, mas sim da interpretação, do significado dele. Porque apesar de haver várias escavações no local desde 1919 em diante, e de haver vários achados – das eras Bizantina e Cruzada, e outras – não houve nenhuma evidência do tempo de Jesus. Nada! E então, como um arqueólogo, surge a pergunta: há evidências da história do Novo Testamento, ou talvez tenha acontecido em outro lugar?”, comentou Amit Re’em.
Historiadores e arqueólogos reputam comum as descobertas de banhos rituais em assentamentos de uso público, perto de cemitérios ou em áreas agrícolas. No caso do “banho ritual” achado no Getsêmani, os especialistas acreditam que era usado para limpar os trabalhadores antes de operar uma prensa de óleo no jardim e por aqueles que subiam a colina para orar.
De acordo com informações do portal The Christian Post, eles sugeriram que Jesus poderia ter se purificado no banho ritual antes de subir o Monte das Oliveiras para orar: “De acordo com a lei judaica, quando você está produzindo vinho ou azeite, você precisa ser purificado. Portanto, há uma grande probabilidade de que durante o tempo de Jesus, neste lugar houvesse uma prensa de óleo”, contextualizou Re’em.
O especialista também revelou que o próximo passo da pesquisa sobre a instalação será pegar amostras de gesso e enviá-las a micro-arqueólogos que irão procurar grãos de pólen de oliva e outras substâncias. Se forem descobertos, então “a conexão com a produção de óleo [de azeite] ficará mais certa”, completou.
Além do “banho ritual” milenar, a equipe também descobriu os restos de uma construção que pode ter sido uma igreja do período bizantino construída há 1.500 anos e um grande mosteiro que teria sido usado pelos peregrinos na época das Cruzadas.
Uma inscrição grega foi encontrada no chão da igreja, dizendo: “Para a memória e repouso dos amantes de Cristo Deus que receberam o sacrifício de Abraão, aceite a oferta de seus servos e dê-lhes a remissão de pecados. Amém”.
De acordo com um comunicado de imprensa da IAA, a igreja foi usada por volta do século VI d.C. até o século VIII: “É interessante ver que a igreja [da era bizantina] estava sendo usada, e pode até ter sido fundada, na época em que Jerusalém estava sob domínio muçulmano, mostrando que as peregrinações cristãs a Jerusalém continuaram durante este período também”, disse Diretor de escavação da IAA, David Yeger.
Tiago Chagas, gospelmais
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