Os cristãos evangélicos são vistos como um perigo para o país
A Igreja
O cristianismo chegou à Argélia ainda no século I e alguns dos mais proeminentes teólogos da Igreja primitiva vieram deste país: Tertuliano, Cipriano e Agostinho. Disputas, revoltas berberes e ataques de vândalos enfraqueceram a Igreja argelina no século V. Já no ano 700, a invasão dos exércitos islâmicos reduziu a Igreja de maneira significativa, mas a chegada dos colonizadores franceses, no início do século XIX, permitiu um rápido crescimento. No entanto, com a saída dos franceses do país, a Igreja novamente entrou em declínio.
Atualmente, cerca de um terço dos cristãos da Argélia é estrangeiro. Apesar de haver milhares de cristãos argelinos, eles representam menos que 0,5% da população e organizam cultos em reuniões secretas nos lares.
Por motivos de segurança, principalmente durante a guerra civil, os cristãos se concentraram majoritariamente nas cidades de Oran e Anaba (conhecida como Hipona, cidade onde faleceu Santo Agostinho), na metade da década de 1990. O evangelismo fez crescer a comunidade cristã na Cabília, norte do país. Notoriamente cresceu o número de igrejas domésticas, nas casas de membros da comunidade cristã, onde os cristãos se reúnem secretamente, por medo de se expor ou por não possuir dinheiro para construir uma igreja. Relatos sugerem que os cidadãos, não os estrangeiros, organizam suas atividades de evangelismo na Cabília.
A perseguição Religiosa
O islamismo de tradição sunita é a religião oficial do país e testemunhos cristãos não são permitidos. Em março de 2006, foi aprovado o Decreto 06-03, que restringe cultos não islâmicos. A constituição do país prevê a liberdade de crença e de opinião, permitindo aos cidadãos estabelecer instituições cujos objetivos incluem a proteção das liberdades fundamentais do cidadão.
Essa mesma Constituição, porém, declara o Islã como religião do Estado, proibindo as instituições de comportamentos incompatíveis com a moral islâmica de atuarem no país. Outras leis e regulamentos preveem aos não muçulmanos a liberdade de praticar sua religião, contanto que esteja de acordo com a ordem pública, a moralidade e o respeito aos direitos e às liberdades fundamentais de outrem. A lei proíbe a conversão de muçulmanos a outras religiões.
Autoridades do governo afirmam que o decreto-lei destina-se a aplicar aos não muçulmanos as mesmas restrições que o código penal impõe aos muçulmanos. Radicais muçulmanos perseguem e ameaçam a segurança pessoal de alguns dos convertidos ao cristianismo. Terroristas islâmicos continuam a se referir a interpretações dos textos religiosos para justificar o assassinato de membros das forças de segurança e civis. Líderes religiosos muçulmanos e políticos criticam publicamente os atos de violência cometidos em nome do Islã.
História e Política
O nome do país deriva de Al-Djaza' ir, que significa "cavalo com a pata dianteira branca". A região já era habitada e disputada desde o segundo milênio antes de Cristo. Os primitivos habitantes de lá, os berberes, aliaram-se aos fenícios e cartagineses para deter as sucessivas invasões que vinham da África do Norte. Nessa troca entre berberes e civilizações ocidentais, os primeiros forneceram soldados e elefantes de guerra, tendo aprendido a cultivar oliva e videiras para a produção de azeite e vinho com os fenícios e cartagineses. Na Antiguidade, as planícies férteis do litoral da Argélia atraíram muitos invasores.
A cidade de Cartago - que hoje faz parte da Tunísia - era um importante centro cívico e cultural, que sucumbiu com toda aquela área diante do Império Romano, ao final das guerras púnicas, no ano de 146 a.C. Lá, Roma estabeleceu duas províncias, Numídia e Mauritânia, onde hoje é o país argelino. Os romanos transformaram o norte da África na região mais rica do Ocidente e a dominaram até o século V, quando vândalos, e depois bizantinos, tomaram o poder. Sob o domínio dos bizantinos o cristianismo foi introduzido na Argélia. No século VII, o islamismo espalhou sua influência por todo o norte da África. Durante esse período, a população argelina tornou-se nômade, com o aumento de imigrantes beduínos. Em 1536, os turco-otomanos estabeleceram-se no poder.
Em 1830, a França invadiu a Argélia, com a intenção de dominar o seu litoral. Do interior do país veio a resistência, sob o comando do emir Abd el-Kader. Ele reconquistou algumas cidades que estavam sob domínio francês, mas foi posteriormente derrotado, em 1853, tendo se exilado em Damasco. A França consolidou o domínio da Argélia, onde permaneceu como colonizadora. Depois de mais de um século de regimento francês, os argelinos lutaram pela independência durante a maior parte da década de 1950, para finalmente alcançá-la, em 3 de julho de 1962. O primeiro partido político da Argélia, a Frente de Libertação Nacional (FLN), tem dominado desde então.
O sucesso da Frente para Libertação Islâmica (FIS) no primeiro turno das eleições de 1991 levou o Exército argelino a intervir e adiar o segundo turno, de forma a prevenir o que a elite secular temia: um governo extremista no poder. O Exército começou a pressionar o FIS, o que levou seus apoiadores a atacar lugares públicos.
Posteriormente, o governo permitiu eleições, apresentando partidos pró-governistas e religiosos moderados. Mas ele não conteve os ativistas, que intensificavam seus ataques. A luta contra eles virou rebelião, culminando na guerra civil de 1992-1998, que resultou em mais de cem mil mortes – muitas delas atribuídas aos extremistas, que massacravam vilas.
População
Embora quase todos os argelinos sejam de origem berbere (não árabe), apenas uma minoria se identifica como berbere: cerca de 15% da população total. Essas pessoas vivem principalmente na região montanhosa de Cabília, leste de Argel (capital do país). Os berberes também são muçulmanos, mas se identificam muito mais com sua cultura berbere do que com a árabe. Cerca de 99% da população argelina é muçulmana.
Economia
A economia da Argélia continua sendo em grande parte controlada pelo Estado, assim como foi em seu período de governo socialista. Após a queda do comunismo, na década de 1990, houve uma maior abertura da economia do país, mas nos últimos anos o governo impôs novas restrições à privatização de empresas estatais.
A Argélia tem a oitava maior reserva de gás natural e é o quarto maior exportador do mundo nesse gênero. O setor de hidrocarbonetos é o pilar da economia argelina, responsável por 30% do PIB e 95% da exportação do país. O governo tem se esforçado para diversificar a economia do país, tirando o foco da indústria de hidrocarboneto, para atrair investimentos financeiros estrangeiros e domésticos, diminuir a pobreza e o desemprego entre os jovens.
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