Fidel Alejandro Castro Ruz, 90 anos, ditador cubano, morreu na noite da última sexta-feira, 25 de novembro, em Havana, capital da ilha que ele governou desde 1959. A notícia foi anunciada pelo seu irmão, Raúl, sucessor na presidência do país.
Considerado uma das figuras políticas de maior influência no século XX, Fidel Castro renunciou ao cargo de presidente de Cuba em 2008, após 49 anos no poder. Visto por comunistas e simpatizantes do socialismo como um símbolo de liderança, ele conduziu sua ditadura com mão de ferro, limitando liberdades individuais, como por exemplo, a religiosa.
“Em cumprimento da vontade expressa do companheiro Fidel, seus restos serão cremados nas primeiras horas” deste sábado, afirmou Raúl Castro. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, mesmo não ocupando formalmente a presidência de Cuba nos útimos oito anos, Fidel permaneceu como o grande líder da ilha.
A morte de Fidel marca o fim de uma era de longos discursos, frases de efeito e confrontos com os Estados Unidos, o que causou um embargo econômico que gerou isolamento e, consequentemente, o empobrecimento da população cubana.
Biografia
Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu em 13 de agosto de 1926, em Birán, atual província de Holguín. Filho de Lina Ruz, foi reconhecido pelo pai, Ángel Castro, imigrante espanhol e latifundiário, quando tinha 17 anos. Frequentou escolas católicas nas províncias de Santiago de Cuba e Havana, onde estudou também em uma escola jesuíta. Em 1945, entrou na Universidade de Havana, onde se graduou em Direito e atuou como líder estudantil.
Em 1948 casou-se com Mirta Diaz-Balart e divorciou-se em 1954. Seu filho, Fidel Castro Diaz-Balart (Fidelito), nasceu em 1949 e trabalhou como chefe da comissão de energia atômica cubana. É físico nuclear e assessor científico do governo cubano.
Em 1956, Fidel teve um caso extraconjugal com Natalia Revuelta. Alina Fernandez, filha dos dois, só soube aos dez anos que era filha do grande ditador cubano e desde 1993 vive como exilada nos EUA.
História
Com suas próprias ideias para o caminho de acabar com as desigualdades sociais em Cuba, Fidel Castro liderou um golpe contra o então ditador da ilha, Fulgêncio Batista, que governou de 1933 a 1959. Rapidamente se transformou em um herói nacional, e sua inteligência acima da média e carisma o transformaram em um líder natural.
Ao assumir o comando do país, prometeu restaurar a Constituição de 1940, promover uma administração sem corrupção, restabelecer as liberdades civis e políticas, além de realizar reformas na legislação, de forma moderada.
Na prática, o que se viu foi um governo autoritário e radical. Fidel expropriou os empresários do comércio e indústria, impôs uma abrangente reforma agrária, expulsou investidores dos Estados Unidos e limitou a liberdade de opinião, com a perseguição a dissidentes de seu regime e maus tratos a presos políticos.
Dois anos após sua chegada ao poder, declarou Cuba um Estado socialista, o que levou os Estados Unidos a cortarem relações com o país e trabalharem para impor um embargo comercial mundial.
Em 1962, Fidel foi excomungado da Igreja Católica pelo então papa João XXIII, como pena por sua declaração, em dezembro de 1961, de que era marxista-leninista. Na ocasião, ele anunciou – em um discurso considerado histórico – que conduziria Cuba ao comunismo. Ele também expressou sua hostilidade à Igreja Católica e expulsou do país 131 sacerdotes, além de fechar escolas mantidas pela igreja.
Desde então, a perseguição religiosa só aumentou no país, e apesar de a prática de fé não ser totalmente proibida e haverem poucos templos, existe um cerceamento severo à religião cristã, conforme relatos da Missão Portas Abertas. Nos últimos anos, o país tem flertado com o islamismo, como forma de buscar aliados políticos no Oriente Médio.
Nos anos da Guerra Fria, Fidel foi o principal aliado da União Soviética (URSS) no continente americano, importando as ideias comunistas/socialistas e difundindo-as entre países da América do Sul. Em troca, recebia apoio financeiro do governo soviético. Em 1985, quando Mikhail Gorbatchov assumiu o poder na URSS e instaurou abertura política e econômica, Cuba se viu ainda mais isolada, porque o novo governo suspendeu o auxílio.
Mais de 20 anos depois desses acontecimentos, Fidel – já com a saúde fragilizada – deixou formalmente o posto na presidência de Cuba, empossando seu irmão no cargo. Aos poucos, Raúl foi reduzindo o extremismo na condução política do país, e em 2013, durante o velório de Nelson Mandela (1918-2013), encontrou-se com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em um momento que, apesar de circunstancial, foi noticiado em todo o mundo.
Ironicamente, o papa Francisco – com apoio diplomático do Canadá – assumiu um papel de incentivador da reaproximação de Estados Unidos e Cuba, e em dezembro de 2014, Obama e Raúl Castro trocaram telefonemas que iniciou um processo, lento e gradual, de restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, após 53 anos. As embaixadas foram reabertas em Havana e Washington em julho de 2015.
Por Tiago Chagas, gospelmais
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