Do UOL Notícias*
No Rio de Janeiro e em São Paulo
Sete dias após a tragédia das chuvas, que deixou mais de 700 mortos na
região serrana do Rio de Janeiro, moradores e voluntários deram início à
reconstrução das cidades atingidas. “O mais triste é a tragédia, claro. Mas, o
mais bonito disso tudo é que apesar de estarmos numa igreja evangélica, tem
gente aqui de todos os credos e com uma só finalidade: ajudar. Dizem que
Friburgo acabou, mas não, isso tudo é prova de que não acabou”, diz Aline
Queiroz, que há apenas um ano mora em Friburgo e é uma das voluntárias na reconstrução da cidade.
Em Nova Friburgo, onde as condições de abastecimento de água
ainda são mais precárias em relação às demais cidades atingidas, se concentra o
maior número de mortos:334. Teresópolis, onde apenas a parte
central do município foi mais poupada da força das águas e de deslizamentos,
conta 285 mortes. O distrito de Itaipava, em Petrópolis,
registra62 mortos; Sumidouro tem 21, São
José do Vale do Rio Preto, 4, e Bom Jardim, umamorte.
Os números são das prefeituras. Ao todo, 696 corpos foram identificados.
Segundo a Defesa Civil do Rio de Janeiro, as fortes chuvas afetam um total de 94.926 pessoas no Estado. Destas, 6.410
estão desabrigadas, ou seja, perderam suas casas, e 10.950 estão desalojados
(em casas de parentes).
Vidas em reconstrução
Não só voluntários, mas também moradores, ainda retiram corpos
soterrados. De calças dobradas e pés descalços na lama, seu Assis
desenterrava da mistura pesada de terra, pedra e madeira o terceiro
familiar: a neta Jenice, de 14 anos. E ainda procura pelo terceiro filho, que
está desaparecido. “Ele se chama Assis, como eu, e
era o mais parecido comigo. Só Deus para explicar de onde tiro forças para
buscá-lo”, desabafou depois de, com ajuda de militares e voluntários,
atravessar um córrego com a maca que levava o corpo da neta.
Até um príncipe foi fotografado ajudando as
vítimas. Discreto, o integrante da família real Orleans e Bragança, bisneto da
princesa Isabel, dom João de Orleans e Bragança, 56, resolveu colocar a mão na
massa e se solidarizou com a população afetada. Ele é trineto de dom Pedro 2º.
Com a força dos voluntários, Exército e autoridades, as cidades começam
a se reerguer. A Polícia Militar do Rio divulgou que, somente em Nova Friburgo,
foram realizados mais de 700 resgates de vítimas das chuvas. O cenário, porém, ainda é de guerra, conforme
definiu o chefe do Estado Maior e subcomandante do Corpo de Bombeiros, coronel
José Paulo Miranda.
“O primeiro momento sempre é mais difícil porque não tínhamos ideia do
que realmente tinha acontecido. O acesso aos locais de deslizamento era muito
difícil, o tempo, ainda chuvoso, também complicou. Mas estamos avançando e
diante da dimensão do desastre, a resposta tem sido extremamente positiva”,
diz.
Mas à medida que o tempo passa, o reconhecimento de familiares fica mais
difícil. "Não há mais corpos intactos, já estão em fase de
decomposição, o que dificulta o trabalho. O foco é a coleta de material
genético, mas também há a possibilidade de reconhecimento pelo odontograma,
desde que a vítima possua ficha em algum consultório dentário da região",
afirmou o diretor-geral da Polícia Técnico-Científica do Rio de Janeiro, Sérgio
Henriques.
Os prejuízos também começam a ser calculados.
O das empresas passa dos R$ 153,4 milhões. O na agricultura deve ser medido por um
mapeamento que começou hoje. Mas dificilmente tudo voltará a ser como era,
principalmente para aqueles que perderam tudocom as enchentes.
Saiba como fazer doações
As cidades afetadas recebem doações de diversas partes do país (veja aqui como ajudar). Entre os itens mais
pedidos pela prefeitura de Petrópolis, Nova Friburgo e pela Defesa Civil de
Teresópolis estão velas e produtos de higiene pessoal (pasta de dente, escova
de dente, xampu, sabonete, absorvente e fraldas descartáveis).
As prioridades de Petrópolis são mantimentos, material de limpeza,
objetos de higiene pessoal, lençóis e roupa de cama. A cidade recebeu
gratuitamente mais de 1,5 milhão de litros de água no sábado (15) e afirma que
o abastecimento está praticamente normalizado. Nova Friburgo pede,
principalmente, água e vela. Também são necessárias roupas íntimas, talheres, pão
de forma, produtos de higiene pessoal e fósforo. Sumidouro pede água, pó de
café, feijão, enlatados, leite em pó, açúcar, material de higiene, fósforos,
velas, isqueiros, cobertores, colchões, roupas de cama, mesa e banho, roupas de
adultos e crianças, calçados.
Em Teresópolis, os itens de mais necessidade são produtos de higiene
pessoal (incluindo fralda descartável e geriátrica), vela, fósforo e roupas
íntimas. A cidade reforça o pedido de galochas e capas de chuva, que serão
usados por profissionais e voluntários em campo.
* Com informações de Fabiana Uchinaka, Rodrigo Bertolotto e Daniel Milazzo, enviados especiais do UOL Notícias em Nova Friburgo e Teresópolis (RJ), e Janaina Garcia e Rosanne D'Agostino, do UOL Notícias em São Paulo
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